sexta-feira, 24 de julho de 2009

Louco


-Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim: Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!” Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim. E quando cheguei à praça do mercado, um rapaz no cimo do telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez a minha face nua. Pela primeira vez, o sol beijava a minha face nua, e a minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais as minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram as minhas máscaras!” Assim tornei-me louco. E encontrei tanta liberdade como segurança na minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós.

4 comentários:

  1. AMO GIBRAN...UM PONTO PRA NÓS NÉ MESMO????
    PENSANDO BEM..QUEM NÃO AMA GIBRAN?? VOCÊ CONHECE ALGUÉM?? SE CONHECER ME DIZ, DEVE SER ALGUÉM COM QUEM PRECISO URGENTEMENTE APRENDER..OU NÃO...

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  2. Quem é louco pelo menos tem a possibilidade de se expressar originalmente, abraços e muita paz.

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