segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Vida Morte e Renascimento


Quem nunca teve na vida um momento em que se apercebeu que cada dia a mais, é um dia a menos? O tempo passa, sem nunca parar e a morte é a nossa única certeza. No Oriente as pessoas, em vez de evitarem pensar na morte, preparavam-se para ela como o desportista para a competição ou o guerreiro para o combate. Era uma evidência que não suscitava nem medo, nem esperança.
Embora ninguém possa negar a realidade da morte, no nosso mundo moderno é inconveniente falar dela, pensar nela, ou mesmo encarar a sua eventualidade. Tememos a morte. Não falamos dela senão indirectamente, e os próprios doentes muitas vezes não têm o direito de saber que estão condenados. Todos sabemos o que nos espera, mas a morte enche-nos sempre de consternação. Para nós, é como se ela não fizesse parte da vida: preferimos ignorá-la. No entanto, morrer dignamente é pelo menos tão importante como viver com rectidão. E como podemos nós enfrentar uma coisa que passamos a vida a tentar ignorar?
Nem sempre assim foi nas sociedades humanas. A morte foi considerada em algumas como o limiar de uma grande passagem, uma iniciação, uma porta dando acesso aos mistérios do mundo, raramente acessíveis aos vivos. Cada civilização teve a sua abordagem da morte e uma sabedoria própria. Infelizmente, a nossa sociedade moderna encontra-se particularmente impotente face à morte. Na nossa concepção do mundo não cabe uma tal aberração, um tal monstro, um pesadelo desses. Com a sua experiência milenar, o Budismo pode trazer algumas respostas quanto ao que nos espera do outro lado da morte e oferecer alguns conselhos sobre como nos prepararmos e ajudar os outros a preparem-se para esse momento derradeiro.
Em primeiro lugar, a tradição Budista tibetana considera a morte como uma passagem, uma etapa num processo bastante mais vasto que engloba nascimentos e mortes sucessivas, formas de existência variadas, vários registos da consciência humana. Neste contexto alargado, a morte deixa de ser um acontecimento único e traumático, o limiar do nada ou do mistério. Ela
apresenta-se então como a dissolução do suporte físico e das formas menos subtis da consciência que está ligada ao corpo e constitui uma experiência da qual podemos tirar partido para aumentar e aprofundar o nosso conhecimento de nós mesmos e do mundo. É também a ocasião por excelência para tomarmos contacto com a nossa natureza profunda, essa luminosidade natural do nosso espírito que está sempre presente e que nada pode alterar.
Mas para podermos aproveitar esta ocasião, temos de poder vivê-la com serenidade. Os Budistas desenvolvem pois um sentido das responsabilidades dos seus actos uma vez que a morte, o estado intermediário e o próximo renascimento dependem deles.
Contrariamente a certas teorias postulando que o renascimento é sempre num sentido evolutivo, o Budismo vê a vida como um fluxo contínuo, por vezes ascendente, por vezes descendente, em função da natureza positiva ou negativa do nosso karma, ou seja, da resultante positiva ou negativa das nossas acções. Isto quer dizer que somos responsáveis pelas nossas reacções, do caminho positivo ou negativo que tomamos, e que é muito importante conhecermos as implicações das escolhas que constantemente temos de fazer na vida.
No fluxo contínuo da vida, da morte e do renascimento, o Budismo reconhece várias fases ou bardos. Esta palavra tibetana quer dizer “transição” ou “intermédio”. Tecnicamente falando, os textos budistas reconhecem quatro ou seis tipos de bardo, segundo as escolas. Isto quer dizer que no processo contínuo da vida, da morte e do renascimento, o nosso espírito passa por vários estados. Cada um deles é passageiro e é nesse sentido que se fala de estados intermediários.

2 comentários:

  1. Estamos em constante evolução e aprendizado!! na busca constante da Luz interior. Capaz de transcender os poros...Que é apenas um macacão em volta de um espiríto de luz.Hj. estou consciente dessa luz. Educando nossa mente e ações...somos capazes de visualizar muito além do que qualquer ser possa imaginar. Obrigada,pelo espaço onde posso ler e refletir.(Estou lendo sobre a doutrina Budista.)

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  2. Vai aparecendo,e que a tua senda seja sempre em direcção a luz, no fim de contas todos buscamos a luz, a claridade mental, o êxtase, a iluminação, etc. Eu tb me interesso pelo budismo , entre outras formas de me auto-disciplinar, ou outras religiões, ou mesmo terapias, que , resumindo acho também vou descobrindo a luz a cada dia que passa, abraços e muita paz.

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