sábado, 6 de fevereiro de 2010

Ver por si mesmo e não crer


Uma das características essenciais do Budismo é a rejeição de qualquer fé previa. Crer é aceitar o que não sabemos se realmente existe.
Nos textos budistas muitas vezes encontramos a palavra saddha, que significa "confiança nascida da convicção". O Budismo é baseado na visão das coisas pelo conhecimento e compreensão, e não pela fé ou crença cega. A crença surge quando não há visão - visão em
todo o sentido da palavra. No momento em que vemos, a crença desaparece e a fé cede lugar à confiança baseada no conhecimento.
Nos antigos textos existe um ditado: "Compreender como se vê uma jóia na palma da mão". Se vos disserem que "eu" tenho uma jóia escondida na minha mão fechada, a crença surge em vós porque não a vedes.
Porém, se "abro" a mão e mostro a jóia, vocês a vereis por vós mesmos e a
crença se dissipará, não tendo mais razão de ser.
Um discípulo de Buda, chamado Musila, ao falar a um outro monge, disse: "Amigo Savittha,
sem devoção, fé, crença, sem tendência ou inclinação sem preconceito ou tradição, sem considerar as razões aparentes, sem especulação das opiniões, eu sei e vejo que a cessação do vir-a-ser é o Nirvana." Ouvindo isto o Buda disse: "é Bhikkhus, declaro que a destruição das corrupções e impurezas é para aquele que sabe e vê, e não para aquele que não sabe e não vê.
"Sempre é uma questão de conhecimento e visão, e não de crença. Como vemos, o
ensinamento budista sempre nos convida para "vir e ver", e não vir para crer; convida a abrir os olhos e ver livremente, e não fechá-los, dando ordem a crer. Isto foi mais apreciado numa
época em que a intolerância da ortodoxia bramânica insistia sobre a crença e aceitação da sua religião como única verdade incontestável.

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