quinta-feira, 27 de maio de 2010

Treino em concentração-meditação


Hoje, na presença dos protectores, convido todos os seres vivos para um banquete de incomparável deleite. Que todos aqueles que apreciam o Dharma, vós os deuses, semideuses, nagas e humanos – regozijem-se e sintam-se felizes!

Shantiveda

Shantideva deu extensas explicações sobre os diversos métodos de Dharma, mas como praticá-los? Isso faz-se por meio de meditação analítica e posicionada nos ensinamentos que recebemos. Primeiro, devemos olhar criticamente para cada tema, tentando compreender o seu significado e relevância para a nossa vida. Julgar, testar e tentar compreender os ensinamentos dessa maneira é denominado meditação analítica. Quando tivermos feito isso e chegado a alguma conclusão sobre o objecto de meditação, devemos posicionar a nossa mente unifocadamente nele. Isso é conhecido como meditação posicionada, ou formal. Se pensarmos que meditação é sentar-se com uma mente vazia, não receberemos benefício algum, ainda que meditemos por muito tempo. O objecto da meditação pode ser um aspecto particular do ensinamento (como os benefícios da bodichita) ou a forma de uma deidade pessoal ou até a nossa própria respiração. Qualquer que seja o objecto da nossa escolha, devemos examiná-lo com precisão para obter uma clara idéia a seu respeito. Por exemplo, a fim de gerar concentração unifocalizada, devemos meditar sobre a figura visualizada de um Buda, escolhendo essa figura porque ela representa todos os aspectos da sabedoria e do método do caminho espiritual (no Budismo). Escolhemos uma pintura ou estátua que represente claramente o Buda escolhido. Passamos a examinar a imagem minuciosamente, percorrendo-a da cabeça aos pés e dos pés à cabeça novamente. Se fizermos isso, obteremos uma imagem aproximativa do corpo de um Buda. Isso se tornará então o objecto que visualizaremos em meditação. Quando nos sentarmos calmamente e tentamos ver esta imagem com nosso olhar mental, retendo o objecto em contínua lembrança e verificando com vigilância, estaremos engajados na meditação posicionada. Esse processo todo pode ser comparado com os preparativos para empreender uma viagem. Se quisermos ir a Londres, temos que obter primeiro um conhecimento preciso da estrada que vamos seguir, caso contrário poderemos ir parar em Manchester! De modo similar, para nos engajar na meditação posicionada e lidar com um objecto unifocadamente, temos que primeiro obter uma compreensão completa desse objecto por meio da meditação analítica. Caso contrário, os nossos esforços serão perdidos e muitas falhas ocorrerão. Esse ponto não deve ser subestimado: é uma grande erro meditar no nada. Se tivermos um objecto de meditação correcto, haverá a possibilidade de avançarmos pelas nove etapas de desenvolvimento mental e conquistarmos a concentração uni-focalizada do tranquilo-permanecer (shamatha, em sânscrito). Sem objecto de meditação correcto, poderemos ficar sentados mil anos e os resultados serão sempre minguados.

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