sexta-feira, 25 de setembro de 2009

Trocando o "Eu" pelos outros


Segundo o Budismo, para sermos felizes, temos de desenvolver um genuíno sentimento de amor pelos outros: temos de ser capazes de amá-los. Aquilo que faz com que tenhamos amor pelos outros vem dos deuses, e nos transforma em deuses. Este pensamento, este sentimento - o de amor pelos outros - é a porta que abre as práticas Mahayanas. Todo sofrimento que experimentamos tem uma causa: e esta causa reside no pensamento egoísta, no pensamento de se preservar a si mesmo, de só pensar em si mesmo, de tirar vantagem para si, proveito para si mesmo em tudo e com tudo. Ou seja, só pensar em si mesmo, o tempo todo. O nosso real inimigo é esse tipo de carinho por si mesmo, de cuidado de si, de auto-compaixão. Ou seja, o pensamento que diz sempre: "eu podia ter conseguido isso para mim", "isso me aconteceu", "fizeram isso comigo", "o que há de errado comigo?", "por que isso só acontece comigo?" Esse é o tipo de pensamento que gera a infelicidade: o de pensar em si mesmo. Devemos desprezar o pensamento que pensa em si mesmo, abandonar esse tipo de pensamento, desprezar a idéia de cuidar de si e nos dedicar inteiramente em pensar nos outros. Não se trata de desprezar-nos a si mesmo, julgando-nos inferior: muito ao contrario, devemos desenvolver uma imensa autoconfiança na nossa capacidade de ir em socorro dos outros, de ser deles a salvação e o amparo. Temos de realizar um treinamento constante para reverter a nossa tendência actual e nos dedicarmos a pensar exclusivamente nos outros, esquecendo-nos de nós mesmos. Podemos começar pelas pequenas coisas, como anular nossas reacções de resposta às agressividades do outro para connosco, quando o outro se encontra sob o poder dominador das aflições mentais. Em vez de reagir, em vez de gerar ódio e negatividade, quando atacados, devemos tentar anular-nos como pessoas, tornar-nos "vazios", como sujeito zero, de tal forma que não haverá "alguém" ali para ser ofendido ou atacado, ou não haverá ninguém. Isto a princípio parecerá muito difícil, como tudo que ao princípio aprendemos, mas depois poderá nos parecer familiar. Podemos até sentir ódio, mas não demonstramos, mas anulamos imediatamente este ódio-resposta, de forma que aos poucos vamos nos tornando mestres de nós mesmos e de nossas reacções. Todos os nossos problemas derivam de nós nos prezarmos demais, de pensarmos muito em nós mesmos, de estimarmo-nos demais a nós mesmos. Alimentamos este pensamento há muito tempo, há muitas vidas, que é o pensamento instintivo de preservação.

5 comentários:

  1. Olá Fausto, como vai? Bem, acredito que o AMOR é fonte comum em todas as tradições ancestrais e religiosas. Precisamos aprender a vitalizar e sociabilizar este sentimento tão nobre. Abraços Primaveris

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  2. nem ambos tão errado só pensar em si ou só nos outros se vc não souber equilibrar as duas opções nunca vai viver direito
    só pensar em si = acaba na solidão
    só pensar nos outros = acaba na escravidão

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  3. Parti-se de um ponto para chegarmos ao mesmo....

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  4. No fundo a mensagem principal é o Amor altruísta, sem nunca descurar o amor-próprio que é essencial, mas concordo com Ferrockxia que diz, tem que haver equilibrio, Abraços calorosos, e "Outunais" ...

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  5. O equilibrio é tdo !!! Harmonia nas atitudes!!! Amar ao próximo como a si mesmo!! Doar de si,sem pensar em si!!! Abços. (Muito agradável ouvir esses mantras) Da vontade de ficar somente aqui!! Namastê.

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