domingo, 29 de novembro de 2009

A Importância do Gato na Meditação Zen


Um grande mestre zen budista, responsável pelo mosteiro de Mayu Kagi, tinha um gato, que era a sua verdadeira paixão na vida. Assim, durante as aulas de meditação, mantinha o gato ao seu lado - para desfrutar o mais possível da sua companhia. Certa manhã, o mestre - que já estava bastante velho - apareceu morto. O discípulo mais graduado ocupou o seu lugar.
- O que vamos fazer com o gato? - perguntaram os outros monges.
Numa homenagem à lembrança de seu antigo instrutor, o novo mestre decidiu permitir que o gato continuasse a frequentar as aulas de zen-budismo.
Alguns discípulos de mosteiros vizinhos, que viajavam muito pela região, descobriram que, num dos mais afamados templos do local, um gato participava nas meditações. A história começou a correr. Muitos anos se passaram. O gato morreu, mas os alunos do mosteiro estavam tão acostumados com a sua presença, que arranjaram outro gato.
Enquanto isso, os outros templos começaram a introduzir gatos nas suas meditações: eles acreditavam que o gato era o verdadeiro responsável pela fama e a qualidade do ensino de Mayu Kagi, e esqueciam-se que o antigo mestre era um excelente instrutor.
Uma geração se passou e começaram a surgir tratados técnicos sobre a importância do gato na meditação zen. Um professor universitário até desenvolveu uma tese - aceita pela comunidade acadêmica - que o felino tinha capacidade de aumentar a concentração humana e eliminar as energias negativas. E assim, durante um século, o gato foi considerado como parte essencial no estudo do zen-budismo naquela região. Até que apareceu um mestre que tinha alergia a pêlos de animais domésticos e resolveu tirar o gato de suas práticas diárias com os alunos. Houve uma grande reacção negativa - mas o mestre insistiu. Como era um excelente instrutor, os alunos continuavam com o mesmo rendimento escolar, apesar da ausência do gato.
Pouco a pouco, os mosteiros - sempre em busca de idéias novas, e já cansados de ter que alimentar tantos gatos - foram eliminando os animais das aulas. Em vinte anos, começaram a surgir novas teses revolucionárias - com títulos convincentes como : "A importância da meditação sem o gato", ou "Equilibrar o universo zen apenas pelo poder da mente, sem a ajuda de animais".
Mais um século se passou e o gato saiu por completo do ritual de meditação zen naquela região. Mas foram precisos duzentos anos para que tudo voltasse ao normal - já que ninguém perguntou, durante esse tempo todo, por que o gato estava ali.
E quantos de nós, nas nossas vidas, ousamos perguntar: por que tenho que agir desta maneira? Até que ponto, naquilo que fazemos, estamos a usar "gatos" inúteis, que não temos coragem de eliminar, porque é que nos disseram que os "gatos" eram importantes para que tudo funcionasse bem? Por que não é que procuramos uma maneira diferente de agir?

3 comentários:

  1. Boa tarde!

    Amo animais, principalmente gatos (são leais e companheiros). Mas confesso que não posso ter nenhum perto de mim quando estou meditando (pois fico atenta à eles e não à meditação em si).

    Passe lá no meu blog que no final da coluna da direita tem a foto dos meus dois companheirinhos (Patrick e Bob).

    Abraço

    Mariza :-)

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  2. Ora, ora... Muito bem lembrado!
    Bjo na alma!

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