sexta-feira, 8 de janeiro de 2010

A consciência não é o nosso eu


A sua própria consciência é só uma. Mas existem todo o tipo variado de consciências que se ocultam no seu corpo, e existem tantas, que você não pode dizer com exactidão quantas são. Aquelas com corpo você pode descrever como muitas. E quanto àquelas sem corpo, mas que vivem no seu corpo, não existe forma de dizer quantas são.
Agora, é porque existem tantas consciências, com tantas agendas distintas, que Buda nos disse para não nos juntarmos a elas. Elas não são parte de nós, não nos pertencem, não nos dizem respeito. Às vezes estamos sentados, sem absolutamente nada de errado, e de repente uma coisa conduz a outra, dentro da mente. Nós não queremos que isso ocorra, porém a mente parece agir de maneira independente. É um caso claro dessas outras consciências, essas consciências malucas, entrando em cena, penetrando na nossa própria consciência e fazendo com que as aceitemos. Essas consciências que se ocultam nos nossos corpos sem ter corpo próprio: elas também podem se tornar enraivecidas, elas podem se tornar cheias de cobiça e deludidas, elas podem sentir amor e ódio, da mesma forma como nós. Uma vez que elas comecem a sentir-se dessa forma, e elas estão ao nosso lado, a nossa consciência segue atrás delas, sem nos darmos conta. Essa é a razão porque existem tantas fabricações no coração.
É inteiramente possível. Suponha por um instante que dois dos seus filhos estejam a discutir à sua frente. Isso é o suficiente para fazer com que você fique de mal humor. Apesar de você não se ter envolvido na discussão deles, existe uma conexão, e dessa forma você acaba magoado também. É por isso que somos ensinados, Yam ve sevati tadiso : Você acaba por se tornar igual às pessoas com as quais você convive.
Assim é como somos ensinados a analisar as coisas. Existem muitas mentes na sua mente. Algumas delas são mentes de animais. Não é a sua mente que fica cheia de emoção; as mentes deles são as que ficam cheias de emoção, mas elas estão exactamente ao seu lado, e como resultado você se inclina na sua direcção. Essa é a razão porque somos ensinados que elas são anatta, o não-eu. A consciência é não-eu. Dessa forma não se envolva com ela (mente). Necessitamos usar esforço, persistência, energia, para ter as coisas sob nosso controle. Quando essas coisas desaparecem o coração pode ficar luminoso e tranquilo. Porque na verdade quando essas "coisas" surgem no nosso coração, não é por nossas acções. É pelas acções deles. Se fosse pelas nossas acções, então quando "coisas" como essas surgissem no nosso coração, deveríamos nos sentir felizes e contentes. Quando elas desaparecessem, nós deveríamos nos sentir felizes e contentes. Mas na verdade, quando as "coisas" surgem no coração, existem somente alguns casos em que nos sentimos contentes com o que está a acontecer. Existem outras situações em que não estamos nada felizes. Existe um conflito na mente. Às vezes existe um número enorme dessas outras consciências e elas têm muitas agendas próprias. Somos vencidos e começamos a aceitá-las. Quando isso ocorre fazemos as coisas erradas e dizemos as coisas erradas e sentimos remorsos depois. Isso ocorre porque aceitamos o que elas nos dizem e não aquilo que nos diz o nosso verdadeiro coração.
Dessa forma você deve manter esse ponto na mente se você quiser entender a consciência. Buda diz-nos em termos bem simples porém nós não o entendemos. Ele diz, “A consciência não é o nosso eu.” Somente sete palavras e no entanto não somos capazes de entendê-las.

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