sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Iluminações


A Iluminação é definida no Budismo como a descoberta da natureza própria da mente, de natureza celestial, onde através de intensos esforços as nuvens ilusórias se desvanecem e pessoa consegue ver a realidade tal como ela é. Um verdadeiro "insight", um grande choque, em que a partir desse instante que se desperta, a pessoa muda radicalmente a sua forma de ver a vida, tornando-se espiritualmente profunda e consciente. A Iluminação é a manifestação extraordinária da consciência, e existem muitos casos no Budismo e no Cristianismo.
Buda, após receber orientações dos maiores Mestres da época, Arada e Uraka, e praticar as maiores mortificações, resolveu abandonar os métodos usuais e se sentar debaixo de uma árvore, decidindo só se levantar após se Iluminar. Ao conseguir compreender a verdade integral da vida, libertou-se das cadeias da ignorância acabando definitivamente com o sofrimento e frustração, adquirindo uma paz permanente e imortal .
Shantideva, um dos maiores filósofos budistas, era considerado um grande preguiçoso no Templo em que morava na Índia, pois não memorizava nada dos textos sagrados, irritando os seus colegas monges.
O abade o advertiu que, se na manhã seguinte ele não recitasse de memória as Escrituras, seria expulso do templo. À noite, o abade foi até a cela onde Shantideva dormia, e lhe ensinou um mantra (palavra sagrada) de Manjushri, o Buda da Sabedoria, que deveria ser recitado a noite inteira para que assim obtivesse ajuda divina e na manhã seguinte conseguir cumprir o dever de monge.
Amarrando a sua gola com uma corda no tecto, para que assim a sua famosa preguiça não o tombasse no chão, Shantideva orou com o mantra a noite inteira, mas ao nascer do sol, viu que não estava nem um pouco mais esperto. Em alguns instantes teve a visão da Divindade chamada Buda Manjushri, que lhe concedeu a realização de cada qualidade da perfeita sabedoria.
Ao dirigir-se ao palanque, que tinha como platéia o próprio rei, pediu silêncio e perguntou ao rei se queria que ele recitasse um texto da Escritura ou algo original. O rei sabendo da má fama de Shantideva, solicitou com ironia que fizesse algo de sua autoria. Assim Shantideva começou a recitar um dos mais famosos textos budistas, "O Guia para o Modo de Vida do Bodhisattwa". Ao terminar o último capítulo, levitou e desapareceu nas nuvens .
Dentro do Cristianismo, existe a história de Moisés, que teve sua vida comum mudada para líder espiritual depois do diálogo com um anjo em forma de chama de fogo em uma sarça ardente .
Existem também mudanças especiais que se assemelham às experiências da Iluminação: para os apóstolos, o dia que mudou as suas vidas dando-lhes mais capacidade foi o dia de Pentecostes, quando ficaram cheios do Espírito Santo .
Saulo muda de ser e de nome no caminho para Damasco, após a visão de Jesus. Para o Lama budista americano Surya Das, que tem a sua origem tradicional no Judaísmo, tornando-se posteriormente um instrutor do Budismo Tibetano, esta é uma autentica experiência da Iluminação. Define ainda: A Iluminação é um processo não diferente de Deus .
Francisco de Assis obtém o seu grande momento espiritual quando ouve uma voz ordenando que restaure a Capela de São Damião. Após esse facto, renuncia a todos os bens, veste-se como eremita e começa a reforma. Abraça a pobreza e vence a si mesmo indo pedir esmolas .
Nenhum místico tem maior semelhança com o Budismo do que Francisco de Assis, com os seus votos de pobreza, as suas sessões de oração, os seus êxtases místicos típicos de meditadores, o seu extremo amor com todas as formas de vida. O Budismo reverencia todos os seres como Divinos, e Francisco os Diviniza como irmãos, desde o sol e a lua, até os animais e plantas . Tudo para Francisco é de extremo cuidado, sendo hoje esta a tônica da Teologia da Libertação para poder salvar a natureza da destruição do homem.
Todas as experiências dos santos e místicos não poderiam passar despercebidas como autênticas experiências de Iluminação.
O Ocidente apenas aceita essas experiências para pessoas que já faleceram, a ponto de algumas correntes teológicas afirmarem que a Revelação de Deus acabou com os apóstolos.
No Oriente, a tradição das experiências pessoais de Revelação de Deus continua no contacto entre Mestres e discípulos, renovando as suas práticas e deixando acessa a chama da Iluminação.

3 comentários:

  1. Até porque a Luz não tem limites, nem na física nem na metafísica.
    Obrigada.

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  2. Verdade, a luz e eterna, e a chama nunca apaga. Abraços

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  3. Sim a Luz é eterna!! Nunca se apagara essa chama!! Francisco de Assis...nos ensina muito com seu cuidado a Natureza e Animais. Qta beleza!! O ar puro que respiramos em lugares tranquilos da natureza nos faz meditar e agradecer o milagre da Vida!! Abços de Luz!!

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