Olhar

Quando há um homem dominante, ele olha sempre fixamente nos olhos dos outros. Quando há um homem dominado, ele olha sempre para baixo. Os escravos, os serventes, ou qualquer que seja inferior a alguém, nunca olharão fixamente nos olhos do seu superior. Mas o superior pode olhar. Os Reis podem olhar, mas se estiver ante um rei, se estás na audiência do rei, não se deve olhar. Isso seria uma ofensa. Tem que se olhar para baixo. Na realidade, a sua energia se move com os olhos. Pode voltar uma violência subtil. E não só no homem, mas também inclusive nos animais. Quando dois estranhos se encontram, quando dois animais se encontram, olham-se fixamente aos olhos para julgar quem vai ser o superior e quem vai tomar o papel do inferior. E assim que um animal que olha para baixo, já está decidido. Então não lutarão; acabou-se. Já se vê que é óbvio quem é superior. Inclusive os meninos jogam a olhar-se fixamente aos olhos, e o que desvia o olhar perdeu. E têm razão. Quando os dois meninos se olham fixamente nos olhos, o primeiro se sente incomodado e começa a inquietar-se e a apartar o olhar e a evitar o olhar do outro, perdeu. Quem segue olhando é mais forte. Os seus olhos podem derrotar aos olhos do outro, é uma indicação subtil de que é mais forte que o outro. No cenário, quando alguém tem que falar ou actuar, assusta-se muito, sente um grande tremor. Inclusive os que têm muito tempo na profissão, os actores velhos..., quando sobem ao cenário, sentem-se presa do medo, porque há tantos olhos a olhar; há tanta energia agressiva. Há tanta energia dos milhares de pessoas que lhes estão a olhar, que de repente você começa a tremer no fundo de si. Sentem-se uma presa do medo.
Está a fluir uma energia subtil através dos olhos, uma energia muito subtil. A mais subtil, a mais refinada das forças físicas, está fluindo através dos olhos. E a qualidade da energia
troca consigo.